sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Oscar Ribeiro da Silva - "Add infinitum"











Hoje é mais um dia dele.
Todos os dias são dele.
Mas hoje é um pouco mais, porque é o aniversário dele.

Oscar, meu pai, grande pai, Me papan, no dialeto que quer dizer "Meu Pai Grande".
Ele nasceu grande!
Nasceu sozinho!
Minha vó entrou em trabalho de parto, no meio de uma casa, no meio do nada. E meu vô foi buscar a parteira no meio da tempestade.
E ele estava no meio, entre as saídas da vovó, entre o útero e o túnel para fora.
Entre a certeza do conforto uterino e a dúvida da existencia. Ele estava no meio.
E ficou naquele jogo de saio, não saio, saio, não saio e saiu.
Saiu para a vida, saiu rápido e célere, pois este é o seu estilo até hoje. Ativo, apressado, intenso, cheio de vontade de viver, cheio de desejos de realização, cheio de motivos para fazer e acontecer. Sempre os melhores motivos, sempre na direção dos outros, sempre deixando marcas boas pelo caminho.
Ele saiu antes da parteira chegar!
E vovó, que já havia parido 17 filhos, puxou-o para fora, embalou-o, cortou o cordão com uma tesoura e passou nele uma foligem do fogão de lenha para que ficasse minimamente esterelizado.
Feito isso, deitou-se e esperou a parteira chegar , apenas para a higiene final.

Ele veio por conta própria.
Ele se fez por conta própria.
Não tem dívidas com a vida, não tem dívidas com ninguém,nem com ele mesmo. O que prometeu cumpriu, o que desejou realizou e o que construiu
permaneceu.

Saiu jovem de sua cidade natal, veio para o Rio de Janeiro, nadou contra a maré, subiu muitos rios á cima da correnteza.
Lutou muito, e venceu todos os desafios.
Tornou-se um médico especial. Embora tenha optado pela ginecologia e obstetrícia, sempre foi um profundo conhecedor de todas as funções do corpo, de toda a sua anatomia. Um médico de família, como antigamente, capaz de diagnosticar ouvindo a história do paciente.
Até hoje eu corro para ele: "Pai, estou sentindo assim..assim...o que o senhor acha"? E daí vem a sugestão precisa, vem as perguntas exatas para que ele esclareça o parecer dele.


Mas veio e não se tornou apenas médico. Se tornou pai de família! Casou-se com a linda Joselita, linda e meiga Joselita. E desse encontro viemos nós: Stella, Joel e Oscar.
Três agraciados por cair nesse mundão pelas mãos desse casal sensacional.

Que pai ele é! Provedor, generoso, comunicativo conosco sobre todos os assuntos. Tivemos nosso embates, a fase da adolescencia, as divergencias de opinião, mas sempre com base no respeito, na tolerancia e tudo isso temperado e direcionado pelo amor incondicional que nos une.

Não concordamos em tudo, mas nos amamos para todos os momentos, nos ajudamos prioritariamente e a vida jamais seria a mesma sem ele.

Pai, de ti recebi tudo, toda formação de caráter, toda formação ética, a minha visão de mundo, a compaixão pelo outro.
Aprendi contigo a amar a Deus, e a desenvolver uma amizade essencial com Ele.
De ti eu recebi segurança para encarar os desafios da vida. De ti recebi provisão, estudo, informação, investimento. De ti recebo ainda amparo, compreensão, ouvidos atentos para as queixas e para os efusivos relatos quando estou alegre, realizando meus projetos.

Crer em Deus não foi dificil para mim, porque a figura de pai era tão palpável , segura e amorosa que Deus até uma certa idade para mim era voce.

Agora, um pouco madura, te vejo o pai humano, cheio da graça do Pai Deus!
E Te-los, os dois na minha vida , é fundamental!

Por isso não te desejo hoje mais anos de vida, mas numa audácia te desejo
ad infinitum: que tu vivas para sempre, não somente na dimensão que cremos da eternidade, mas aqui nesse plano material. Um desejo egosísta eu sei. Mas desejos são desejos e esse é o meu!

Paizão Oscar fica comigo ad infinitum pois eu amo voce ad aeternum.

Stella Junia
20 de fevereiro de 2009