terça-feira, 17 de novembro de 2009

...que a música me perdoe

A música ....

............ transcendência , enlevo, abstração.

Hoje porém.... (salvo as exceções)

- Produto de alto valor comercial para os donos da mídia, que a manipulam para que o povo compre. Não é música, é um ' viradão de panela, de notas e ritmos' , envolto em embrulhos tecnológicos, com receita certa para a venda.

- Produto de recreação: é pretexto para grupos que querem algo para distração, travestido de arte de qualidade, mas por trás de tudo há múltiplos interesses, e a música não acontece.

- Produto de venda das escolas de música: o cara entre sem saber o que é, finge que aprende com outro cara que finge que ensina.

- Veículo de animação de liturgias de todo tipo, assembléias de toda espécie, reuniões e palanques de múltiplos objetivos.

Reunam-se, falem, vendam o seu peixe, mas deixem a música fora disso.
Mas o peixe não é bom, então precisam usar a música como molho de ervas finas para o povo engolir aquela porcaria toda.
Pior que a música é mal feita, é mal tratada e fica um molho azedo em cima do peixe podre.


Cantores, instrumentistas, alunos, toda sorte de gente que fica num '' basquete musical' do acerto e erro de notas e ritmos, e nunca chegam na essência do fazer musical.

Gente que quer ser músico sem ouvir música: diga-me o que escutas e te direi que músico serás. Falo de escuta musical, não de ligar o rádio nos 'hits porcarias' de todos os gêneros.

E tragam as flores, e tragam os uniformes ,os programas impressos, os convites de luxo... pensem mesmo, é preciso enfeitar o pavão, porque se for 'à seco" todos verão que a música não aconteceu, foi violentada, adulterada, prostituída.


" Vou me embora pra Pasárgada"...e que a minha musa me perdoe todos os desmandos.



S.J


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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Enquanto houver sol ...." água para o boldo.

Foi numa manhã de quarta-feira.
O dia anterior tinha sido difícil, cheio de interrogações sem respostas imediatas, que é o que sempre queremos...rsrs
Eu precisava sair para trabalhar ...
e neste dia fui porque p r e c i s a v a......
Estava tudo pesado, o meu foco estava nos problemas .....
E daí entrei no carro.
Dirigir é um dos meus grandes prazeres: adoro.
Não adoro o trânsito encrencado do Rio, mas da direção em si.
E liguei o rádio.
Eu programei meu rádio em 4 estações possíveis para eu ouvir .
Fico passeando entre essas quatro, sempre procurando algo minimamente agradável.
Às vezes surgem umas pérolas, outras vezes coisas suportáveis para o meu gosto pessoal, outras vezes nada .
Então abaixo o volume e espero até que surja algo.
Quando voltei com o volume eu ouvi :
....."Quando não houver caminho,
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando que se faz o caminho
Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós aonde Deus colocou.
Enquanto houver sol,
Enquanto houver sol,
Ainda haverá.
Enquanto houver sol,
Enquanto houver sol....."
Eram os Titãs cantando a música do Sergio Britto.
Nem me ligo muito nos Titãs, admiro evidentemente uma banda que permanece tantos anos, fiel ao seu estilo, ao seu público e que nos brinda com letras sensacionais.
Esta música caiu como uma gota numa terra rachada.
Eu tenho um vaso em casa onde minha mãe plantou um pé de boldo.
Ele é lindo e eu bebo do chá muitas vezes.
Mas eu esqueço de molhar, e o pobre do boldo fica com a terra seca..seca..rachada, e quando me lembro benevolentemente de molhá-lo parece que ouço um suspiro aliviado da plantinha.
É a água que vai desfazendo as rachaduras e em poucos minutos, incrível a natureza, as folhas do boldo se abrem mais, ficam mais verdes, comemoram o renovo.
'Enquanto houver sol,
Enquanto houver sol...."
Já ouvi tantas vezes essa música, mas nesse dia, naquela hora ,
foi 'água no meu boldo"...
É Titãs .......' 'trés bien''
S.J
Ouça- "Enquanto houver sol"