sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Eu quero ser plural...será que dá?


Ontem fiz uma palestra na FABAT.
Falei para alunos de música mas também para os de teologia e pedagogia, além dos colegas e chefes que por lá estavam.

Como sabia da heterogeneidade do público, não fugi de um tema musical, mas evitei gastar muito tempo com aspectos técnicos, estilísticos, tentei abrir para aspectos sociais, humanos,históricos, algo que pudesse nos fazer pensar e sentir a inspiração dos fatos.

Voltando para casa pensei nos gregos antigos e lembrei da figura dos preceptores.

As crianças bem nascidas, em determinada idade eram entregues a um preceptor: um homem que instruía os discípulos em astronomia, matemática, filosofia, literaruta, música, artes em geral, ciencias, biologia, física.

A Grécia é o berço da chamada 'cultura geral' . Aristóteles foi um dos mais famosos preceptores da Grécia antiga, preceptor de Alexandre - O grande.
O discípulo chegava novinho para as mãos do preceptor e saía um jovem com múltiplas formações.
Eu sei, outros os tempos, outro contexto...mas pense.... uma maravilha!!

Muita coisa me interessa, na música, fora da música, eu leio sobre tudo, curiosa.
Mas a nossa sociedade ocidental atual é a sociedade da cultura da super especialização, onde tempo é artigo raro e caro.

Mas eu insisto na pluralidade: eu quero ser plural na medida do possível...saber e tentar saber mais....

será que dá?


bj

7 comentários:

Westh Ney disse...

Viva os generalistas!

bjs amiga

Anônimo disse...

Hoje em dia, alguém que entende de tudo um pouco, e sempre tem algo a dizer sobre tudo, tem que ter muito cuidado para não soar pedante ou até mesmo um chato...

Anônimo disse...

É verdade,,, muita informação vazia... dada sem solicitação é chata mesmo para um especialista....

Só se fala se alguém solicita....

Mas Aristóteles não me parece chato ( não sei se era pedante)

Nem Leonardo da Vinci (pintor, escultor, músico, astrônomo)....

as vezes para quem não sabe nada, ouvir alguem que sabe de tudo um pouco pode ser chato mesmo.

Lília Marianno disse...

Eu gosto de fazer este exercício também. Ser plural é possível, não dá é pra ser especialista em tudo, que bom que não dá! rsrs
Aliás, em tempo: a aula de ontem, foi um refrigério no meio dos meus dias atribuladíssimos aqui. Delícia re-ouvir o conteúdo do verdadeiro Gospel, eu fui muito exposta a este estilo de música desde criança, havia uma coleção de uns 3 ou 5 Vinis, que minha tia possuía e meus pais gravaram nos anos sessenta/setenta, eram minhas "canções de ninar" .
Ainda tô viajando aqui com aquela coisa toda da matriz africana no Brasil e nos EUA e na forma como isso influenciou os movimentos de afirmação da identidade negra nos dois lugares de forma tão diferente!
Show de bola Stella! Parabéns e obrigada pelo presente!

Lília
relendoabiblia.blogspot.com

Anônimo disse...

Será que dá para não ser?

A vida é inequivocamente mais que o mundo, a sociedade, os modelos culturais...
A vida é o espaço de tempo compreendido entre o nascimento e a morte e neste espaço desde o primeiro minuto da existência, por ser um ser-aqui-com (ser de relação) o indivíduo entra em contato com o mundo, com a sociedade, com a cultura onde ele está inserido.
Depois tem acesso até a outras culturas. Nesta relação podemos ter pelo menos duas atitudes:
a - Podemos ficar incessíveis as nossas vivências (ficar fora de si, fora do tempo presente) ou
b - contemplar as experiências, viver nossas vivencias e aprender com elas... aprender tudo... sobretudo... A vida é para mim uma escola...
Alguns conseguem matar as aulas ausentando-se de si mesmo, vivendo a esmo, na pratica esperando só a morte chegar no valor que dá as coisas em detrimento a si ao seu ser no mundo.
Eu sou plural, ainda que um.
Sou complexo, ainda que simples...
Sei muitas coisas sobre muitos assuntos, contudo ignoro a maioria...
De muitas coisas posso falar, pois sei...
De muito mais coisas ainda posso ouvir, pois delas não sei

CH Veloso
(06/08/2010)

Anônimo disse...

Nietzsche criticou severamente os especialistas pois eles são treinados a rachar um fio de cabelo ao meio.
Hoje em dia a gente precisa dominar bem um tema, mas dialogar com outros e estar aberto a informacoes multidirecionais.
Edgar Morin ao falar sobre a força do PENSAMENTO COMPLEXO, ele ressalta que o COMPLEXUS é aquilo que é tecido junto...as coisas estão todas interligadas...o laços estao em toda parte, restam olhos para vê-los.
Um abraco e parabéns...
Particularmente sem bajulamento, eu considero vc uma das professoras de musica mais cabeça aberta da FABAT...fui seu aluno e digo: tu estás anus luz (...)

Joe seu fã.
www.joevancaitano.blogspot.com

Cristina Mendes disse...

Acredito que dê e acho mto válido.Que bom seria se todos pudessem ser assim!Pessoas pensantes a todo instante,tornam-se mais criativas e interessantes!

bjos